terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Este não é um post natalino

É apenas um texto qualquer falando de coisas que ficam o ano todo jogadas dentro de alguma gaveta. Um desabafo, um pseudo-manifesto sem qualquer pretensão literária.
Por que escolher uma data comemorativa ou uma catástrofe para se sensibilizar com o outro?
Por que esperar pelo Papai Noel, pela mídia e pelos apelos consumistas para presentear alguém?
E por que presentear alguém, se o que se pode dar de melhor não se vende, não se compra, nunca está em promoção nem exposto nas vitrines? Pelo contrário, está invariavelmente escondido, empoeirado, encostado, sem uso.
É fato. Nós economizamos carinho, amor, gentileza, educação, tudo aquilo que poderia fazer o mundo um lugar no mínimo suportável para se viver.
Afinal, gostar, querer bem, importar-se, ser gentil dá trabalho e toma tempo. Assim, nossos estoques ficam intactos. Artigos perecíveis que são, os sentimentos amarelam, perdem a validade. E nós também nos perdemos, dos outros, do planeta e de nós mesmos.
Eu quero pensar que essas falsas alegrias, essa solidariedade efêmera, possam se transformar em algo real.
Eu quero ver luzes nas cidades e sorrisos de quem ganhou presente nos rostos todos os dias. Quero que campanhas solidárias sejam desnecessárias.
Que as pessoas não se preocupem com pequenas coisas e voltem a se enternecer com um filhote, de gente ou de bicho, a respeitar a Terra, a agradecer pela chuva depois da estiagem, a despertar em harmonia com o universo, a seguir os ciclos da Natureza.
A se conectar com o princípio divino, chamem a isso de Deus, Deusa, Zeus, Alá, Buda, Oxalá, Jeová ou do que quiserem.
Quero uma gastança absurda de emoções, um colapso nas economias mundiais de sentimentos, um desequilíbrio na balança que irá gerar, surpreendentemente, um equilíbrio global.
Mais do que em Papai Noel, eu quero acreditar no ser humano.

“…You may say I´m a dreamer, but I´m not the only one.
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one.”
John Lennon

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Hera Venenosa

(segunda-feira, 7h17 da manhã, TV ligada, casal se preparando para ir ao trabalho, ele na sala, ela no quarto)

- Amor, posso te contar uma coisa bem punk, bem ruim, horrível mesmo a meu respeito?

- Ai, manda...

- Toda vez que eu estou ouvindo o noticiário na TV e ouço uma notícia sobre um desastre nas BRs daqui, fico torcendo pra ouvir o nome do meu ex... acredita?

- Só espero que se você errar no palpite, erre por muito e a vítima não seja o atual...


(como eu queria ter visto a cara dele...rs)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Essa tal de nostalgia

Descobri ontem que perdi um monte de textos do meu primeiro blog, da época em que blogar era uma coisa romântica, quase idealista e blogueiro não pensava em lucro.
Com aqueles textos também se perdeu um pouco de quem eu era naqueles dias, bicho arisco fugido da coleira, inquieta e feliz, afogada em liberdade.
Uma euforia que depois descobri ser meramente ilusória, afinal, liberdade tem muito mais a ver com a gente do que com o outro. E não é antagônica ao aconchego, ao coração quente, pulsando junto.
No fim das contas, amar de verdade em tempos de permissividade é um ato libertário, de transgressão. A gente se mantém cativo por iniciativa própria.
Mais de um ano e continua tudo bem...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Falando em e-malas...


Da genial Clara Gomes... eu simplesmente AMOOOO essa Joaninha!!!

E-mail ou e-mala?

Sou do tipo de pessoa que se arrepende de cada conta de e-mail aberta, de cada cadastro feito por aí, nos sites da vida. Isso porque eles sempre vêm atrelados a uma infindável tempestade de e-mails de atualização e ofertas. E não adianta escolher a opção para não receber “notícias do site tal”, eles mandam e pronto!
E lá vai você abrir sua modesta caixinha de mensagens e se deparar com uma “vantagem exclusiva”, um produto “em edição limitada”, um desconto “imperdível”, entre outras coisas, entupindo o espaço que deveria ser todo dos seus amigos, familiares e networking.
Acho mesmo que a Internet deveria e poderia ser zilhões de vezes melhor explorada, com mais ações criativas e conteúdos interessantes. Afinal, “a gente não quer só comida”, a gente quer informação, coisas que façam nossa vidinha nem um pouco mais-ou-menos.
É preciso de um mínimo de ética no enviar e receber de todo santo dia. No mês passado, esculhambei a direção do colégio do meu filho, com cópia pra todos os destinatários. O mailing dos pais de alunos do colégio foi todo em aberto no corpo de uma “mensagem educativa”. Senti-me invadida. Oras, quando você fornece seus dados a uma instituição, o mínimo que você espera é que seja mantida a privacidade de suas informações pessoais!
Aos amigos, não me mandem scraps com bichinhos fofuchos, orações, frases feitas ou animações, scrap-divulgações de eventos aos quais não comparecerei nem se chover canivete, enquetes irritantes estilo “meu umbigo é lindo” disfarçadas de scrap, nem e-mails pesadíssimos com arquivos em ppt, muito menos aquelas correntes insuportáveis pra Nossa-Senhora-da-Mandioquinha-Frita.
Se possível enviar mensagens pessoais, exclusivas, únicas e intransferíveis, melhor ainda. Mas entendo os e-mails legais em massa, pois uma coisa boa tem que ser compartilhada com o maior número de pessoas possível.
Desabafos à parte, gostaria de comunicar que nem sempre respondo ao que recebo, mas não é pouco-caso. Leio tudo, só não gosto de responder por responder. Uma mensagem minha, mesmo que de uma única linha, sempre, always, será de coração, pois se há algo que respeito é a caixa de entrada alheia. Podem acreditar.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Comentar não ofende...

Sempre temi pela sanidade daqueles povos que necessitam de grandes líderes, avatares políticos que irão "resgatar o povo das garras da miséria e da injustiça social e econômica".
Obama taí. Um grande case de marketing político.
Mas, e agora? Meus prognósticos são terríveis para tudo que não seja "made in USA"...rs
Aguardemos.

Beltane em mim...

Diferente dos outros anos, Beltane me encontrou mais introspectiva que de costume. Mais calejada, menos festiva, mais densa.
Talvez pela proximidade da tão esperada maturidade, o momento de olhar bem fundo nos olhos da Anciã e me ver refletida ali. Talvez por sentir melhor os ciclos, a influência das lunações no girar da Grande Roda.
O fato é que tento manter viva a certeza de que a terra sempre volta a ser abundante, generosa, que o sol sempre há de brilhar em toda sua energia para todos aqueles que creem que assim será.
Apesar dos pesares, grandes fogueiras ainda ardem em meu coração.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Tips sem noção da semana

ou "pra pegar o pique aos pouquinhos"


Vida que segue, acelera fundo, depois reduz, às vezes pára de repente, dando aquele solavanco. O que está aqui hoje pode não estar amanhã (e geralmente não está). Passam-se aniversários e datas importantes. Fogem pensamentos por registrar.
Podemos controlar o volante, mas a maioria deixa (e prefere) ser conduzida.
Difícil seguir no controle. Um prazer arriscado. Mas compensador.


E lá vou eu, redescobrindo o prazer de postar, em busca de novos rumos, mais definidos e pessoais, pelo mundo das letrinhas e letrões.
Trocadalho mode on: Quem viver, Verão!


Por que é que a gente briga tanto com quem é tão próximo? Talvez por ver estampadas bem ali, na sua frente, gritando, gemendo, bufando e cuspindo, suas próprias idiossincrasias.


Calor fritando os neurônios, clima do Saara em plena Primavera. Se gostasse de Carnaval, sairia enlouquecida, nua e ruiva, cantarolando “Alalaôôôô, minha pressão baixôôô..."


Norte-americano é que sabe mesmo fazer uma eleição! Quero ir pros isteites e votar no Obama, que tem o melhor (e mais chupado) filme eleitoral de todos os tempos! rs


Pra fechar: todo mundo deveria se esforçar para ser interessante o bastante para dar um bom personagem de livro, de preferência do seu gênero preferido. Poucos conseguem, o que é uma pena.

terça-feira, 1 de julho de 2008

O Rio

Porque a vida é um rio, meu filho... porque me deu saudade e vontade de chorar no meio da tarde, lembrando de suas mãozinhas enroladas nos meus cabelos à noite, do seu abraço de manhã, do seu medo de ser e estar sozinho... eu amo você... e me dói pensar que não vou ser e estar pra sempre... mas meu amor, esse ser teimoso e cricri, esse vai acompanhar você onde estiver...


O Rio
Marisa Monte

Ouve o barulho do rio, meu filho.
Deixa esse som te embalar.
As folhas que caem no rio, meu filho,
terminam nas águas do mar.
Quando amanhã por acaso faltar uma alegria no seu coração,
lembra do som dessas águas de lá,
faz desse rio a sua oração.
Lembra, meu filho, passou, passará.
Essa certeza a ciência nos dá.
Que vai chover quando o sol se cansar,
para que flores não faltem jamais...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Just Like Heaven

Porque eu sempre quis me casar com você, mesmo quando não o conhecia.
Porque mesmo depois de tantas coisas, sinto uma emoção aborrescente que me faz a noiva mais estupidamente feliz do universo...


Show me how you do that trick
The one that makes me scream he said
The one that makes me laugh he said
And threw his arms around my neck
Show me how you do it
And I promise you I promise that
I’ll run away with you
I’ll run away with you

Spinning on that dizzy edge
I kissed his face and kissed his head
And dreamed of all the different ways i had
To make him glow
Why are you so far away, he said
Why won’t you ever know that I´m in love with you
That I´m in love with you

You, soft and only
You,lost and lonely
You, strange as angels
Dancing in the deepest oceans
Twisting in the water
You’re just like a dream
You're just like a dream

Daylight licked me into shape
I must have been asleep for days
And moving lips to breathe his name
I opened up my eyes
And found myself alone alone
Alone above a raging sea
That stole the only boy I loved
And drowned him deep inside of me

You, soft and only
You, lost and lonely
You, just like heaven

(Just Like Heaven - The Cure)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Equilibrando o Feminino (final)

Esperar pelo próximo, seja o próximo dia, a próxima oportunidade, o próximo telefonema, a próxima pessoa interessante, é jogar a responsabilidade sobre a própria vida nas costas do destino.
A vida é hoje, aqui, agora, right here, right now. Não tem ensaio, preparação, nada. A estréia é ao primeiro sopro, é um programa ao vivo.
Como pode uma guerreira, tão forte, esquivar-se da mais importante de todas as lutas: a pela própria felicidade?
Se você não sabe apreciar o que vê refletido todos os dias no espelho, tem dois caminhos: mude o que desagrada ou aprenda a se aceitar. Caso contrário, o mundo tratará você com a mesma (pouca) atenção.
Trate-se com indulgência, observe as qualidades ao invés dos defeitos, valorize seus diferenciais. Acredite em você como nunca acreditou em ninguém.
Com o tempo, você vai perceber como perdeu tempo evitando encontrar-se com alguém tão interessante: você. E, principalmente, quantas pessoas estão perdendo tempo em não conhecê-la(o).
Chame todas as suas deusas para um chá, para ler um livro, passear no shopping, ver vitrines, comer um chocolate, ouvir música, dançar, ver um filme, paquerar, fazer amor, enfim, para qualquer coisa que lhe dê prazer. Celebre! Saia da casinha! Vá por inteiro!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Equilibrando o Feminino

Li, na semana passada, um artigo interessante no site Pagão Tribos de Gaia (www.tribosdegaia.org), de Soraya Mariani, sobre a “Guerreira Ferida”, a mulher independente, bem-sucedida, auto-suficiente, que além de gerenciar sua própria vida, ainda luta contra a estrutura patriarcal da sociedade, que trata a mulher como bem de consumo ou artigo de luxo.
Essa mulher leva tantas pancadas, levanta de tantas rasteiras, que muitas vezes perde a confiança no outro, tornando-se amarga, privando-se de viver emoções, de demonstrar o menor traço de fragilidade, quando, na verdade, tudo o que precisa é de colo, carinho, cuidados para curar essas feridas.
Soraya cita Jean Shinoda Bolen, que relaciona a mulher moderna às deusas gregas. Nesta visão, a “Guerreira Ferida” é uma mulher em desequilíbrio com suas Atena e Afrodite interiores.

Talvez o artigo tenha me tocado porque já fui eu mesma uma “Guerreira Ferida”. Mas, ao contrário de tantas outras, cheguei a um ponto em que a armadura já não me vestia bem, em que assumi estar cansada das batalhas, sem ter para onde retornar.
A dificuldade inicial é saber como readquirir esse equilíbrio. Muitas vezes surge o medo da vulnerabilidade, de estender a mão àquele que diz “vem comigo”, ou mesmo deixar que alguém ao menos se aproxime.
Ninguém pode ser feliz sem ser pleno, negligenciando uma parte de si, ainda mais uma parte tão importante.
Arriscar, seja no amor ou nas batalhas, é para os fortes. É acreditar pra valer, não no outro, mas, sobretudo, em si mesma. Nem sempre se vence, mas sempre compensa.

(continua no próximo post)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Sempre é a mãe...

Mesmo nas mais antigas sociedades, a educação das crianças, a transmissão de conhecimentos e o papel de guardiã dos ancestrais sempre coube à mãe, por sua facilidade em criar laços e demonstrar afeto, por sua natureza, por ser um ser entre-mundos.
Séculos e séculos depois, continuamos as mesmas, o grande útero do mundo, de onde tudo vem e para onde tudo vai. As grandes responsáveis pelos sucessos e fracassos, pela glória e pela derrota de nossos filhos. Sofremos e alegramo-nos com e por eles, talvez mais do que pelas nossas próprias conquistas e dores.
Mais do que comemorar, que cada mãe consciente de seu papel questione-se sobre o que tem deixado de si em seu filho, de que forma está contribuindo na formação de um novo ser humano.
Abençoadas todas nós!