sexta-feira, 24 de julho de 2009

Divagando...

...A maior parte das pessoas ainda prefere comprar muambas em Miami ou Pedro Juan, sonhar em frente às vitrines a saborear palavras, verdadeiramente, com gosto, como se saboreia um doce feito pela avó, com sabor de saudade, de nuvem, de alegria que a gente sabe que nunca dura pra sempre e sai, esfomeado, de novo, perambulando pela casa, procurando um restinho nos potes, nos armários, na geladeira...

Assim também é amar: a gente sai procurando nas prateleiras da vida alguma coisa com gosto do que já foi e a gente nem sabe mais o que é, mas quer, deseja, sempre com fome, com gula, mesmo sabendo que pode dar dor de barriga lá na frente. E como a gente nunca deu ouvidos à avó, à mãe, assim também é o coração apaixonado. Ele não ouve ninguém, nada além de suas batidas descompassadas, de felicidade ou angústia extrema.

Falei de tudo isso, divaguei, perdi o raciocínio pra encontrar depois, só pra dizer que o amor, esse com gosto da infância perdida, existe. Mas não se encontra em qualquer mercadinho de esquina, nem nos hipermercados, nos shoppings. A gente tromba com ele pela rua. Como lata, às vezes a gente chuta. Como moeda, às vezes a gente pega, enfia no bolso, acaba perdendo ou passa adiante. Na verdade, a gente devia sempre tratá-lo como pedrinha brilhante, talismã, que a gente recolhe, não perde, acha que dá sorte (e dá!), faz dela um tesouro.

Falei de tudo isso, só pra dizer que a felicidade romântica é leve, e inacreditavelmente é possível. Basta querer.